segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Augusto (Allan Massie)



            Dando continuidade à série de romances históricos iniciada com César  e seguida por Marco Antônio e Cleópatra, Allan Massie traz agora as memórias do imperador Caio Otávio Turino, que depois tornou-se Caio Júlio César, e finalmente foi popularizado como Augusto, o Imperador Deus.
            A história é narrada ao estilo de memórias pelo próprio Augusto, a seus netos Caio e Lúcio. Trata-se de uma autobiografia cuja cópia fora descoberta no Mosteiro de São Cirilo Metódio, na Macedônia, em 1984. Dividia em duas partes, a primeira inicia com a notícia do assassinato de César e termina com o suicídio de Marco Antônio e Cleópatra, quatorze anos depois. Já a segunda, narra as diversas batalhas pela consolidação do Império Romano e possui um tom mais psicológico, frequentemente focando nas sensações do imperador, frente ao inevitável envelhecimento e proximidade da morte.
            Augusto, herdeiro e filho adotivo de César, juntamente com Marco Antônio e Lépido formaram o Segundo Triunvirato e logo se puseram à caça dos assassinos do Ditador, especialmente Marco Júnio Bruto e Caio Longino Cássio. A vitória na Batalha de Filipos fez com que o governo do Império Romano fosse compartilhado entre os três. Porém, interesses conflitantes logo, logo provocariam a dissolução do triunvirato, culminando no exílio de Lépido e no suicídio de Marco Antônio. A partir de então, Augusto transferiria o poder governamental de Roma para o Senado, mas manteria seu poder autocrático sobre a República, como um ditador militar.
            Em suas memórias, Augusto enfatiza a importância dos laços criados com familiares, amigos e companheiros. Entre esses, os que mais se destacam são Caio Cílnio Mecenas (Mecenas), seu conselheiro mais próximo; Marco Vipsânio Agripa (Agripa), maior general e, depois, marido de Júlia (portanto, seu genro); Públio Virgílio Maro (Virgílio), poeta e mentor. Augusto também fora casado três vezes, com Cláudia, Escribônia e Lívia, respectivamente. Sua última esposa recebe um elogio à parte do imperador, ao refletir sobre o que significara sua vida e reconhecer que o apoio de Lívia fora crucial, especialmente nos momentos mais decisivos. Tamanha afetividade com seu círculo social, também desgastou sua vida, especialmente pelos familiares e amigos que teve de sepultar: Virgílio, Agripa, Mecenas, Caio e Lúcio, esses últimos, seus netos, a quem tais memórias foram dedicadas. Das memórias do imperador Augusto, vale destacar um trecho que talvez condense suas impressões sobre o significado da vida e do viver: “Como é repleta de ilusões a nossa jornada sobre a Terra. É como se caminhássemos por uma trilha cortada no meio de uma floresta sombria. Porque permanecemos na trilha e conseguimos avançar, temos a impressão de que controlamos o nosso destino. Mas a floresta em volta de nós continua sendo desconhecida e hostil, e ignoramos os perigos que espreitam a pouca distância da trilha” (p. 305). Já no fim da vida, Augusto adotara o enteado Tibério e desejava que ele governasse Roma. Porém, desejoso de uma vida tranquila, Tibério recusara. Mesmo assim, o destino faria com que ele de fato se tornasse seu sucessor.
                Augusto foi o soberano com mais tempo de reinado sobre Roma. É dele a célebre frase: “Encontrei uma Roma de tijolos e deixo uma Roma de mármore”. Com essa sequência da Série Senhores de Roma, Allan Massie não economiza técnica e imaginação para trazer à tona a vida de um dos mais poderosos soberanos da história da humanidade.

REFERÊNCIA LITERÁRIA
Título:   Augusto
Autoria: Allan Massie
Editora: Ediouro
Ano:      2001
Local:    Rio de Janeiro
Série:    Senhores de Roma, Os - Livro III
Gênero: Épico

Nenhum comentário:

Postar um comentário