segunda-feira, 3 de outubro de 2016

O Temor do Sábio (Patrick Rothfuss)



"Lembre-se de que há três coisas que todo sábio teme: o mar na tormenta, uma noite sem luar e a ira de um homem gentil"
 
         A trama narrada nesse volume dá continuidade à história de Kvothe, contatada por ele mesmo, iniciada em O Nome do Vento. Como no primeiro volume, o espaço narrativo ocorre na Pousada Marco do Percurso, tendo como ouvintes o Cronista (o escriba do Rei) e o criado, Bast. Trata-se do segundo dia da narração das memórias de uma lenda de seu tempo.
         Kvothe continua sua narrativa a partir dos tempos vividos na Universidade em Imre. Como garoto pobre e órfão, às suas dificuldades eram acrescidas as desavenças que tinha com os professores, o que lhe sempre rendia uma alta taxa de matrícula e a rivalidade com Ambrose, que nesse ano culminaria em um episódio gravíssimo para um estudante: o incêndio em seus aposentos. Orgulhoso que era, Kvothe não cedia às pressões impostas pela severidade dos professores e contava sempre com o socorro de Demi, que lhe emprestava dinheiro, ainda que a altas taxas. Não fossem os trabalhos na Ficiaria, dificilmente conseguiria terminar o período letivo. Contudo, o que mais alimentava sua coragem era o desejo de desvendar os mistérios envoltos no assassinato de seus pais e de sua trupe de Edena Ruh pelo misterioso mito do Chandriano.
         Embora um dos destaques acadêmicos da Universidade, certa vez Kvothe fora aconselhado por um de seus professores a se afastar dos estudos por um período. Mesmo que a contragosto, acatou às recomendações e partiu rumo a uma missão especial durante esse tempo. Kvothe fora mandado a Severen, para que servisse a um homem que designavam como Maer Alveron e, segundo diziam, era mais rico do que o Rei de Vint. Mesmo entediado pelas firulas da alta sociedade, Kvothe sabia sobre a importância de se submeter obedientemente àquele homem, uma vez que ele era capaz de lhe recompensar de tal sorte que não precisaria se preocupar com a taxa de matrícula por um bom tempo, além de ser um forte patrocinador para sua carreira musical. No entanto, o Maer convocaria Kvothe para uma missão arriscada em que somente uma boa dose de sorte não seria suficiente para concluí-la com sucesso. Suas habilidades como arcanista seriam provadas.
         Hespe, Tempi, Dedan e Marten era o grupo de mercenários que acompanharia Kvothe em sua missão. Caberia eles adentrar por uma floresta e encontrar um grupo de bandidos que vinha roubando o dinheiro dos impostos que eram recolhidos. Os mercenários possuíam características marcantes: gênio forte, foco em seus objetivos, lealdade para com seus superiores. Dos quatro, Tempi era um ademriano de pouquíssimas palavras. Ainda assim, tornara-se o mais amigável para Kvothe, que com ele aprendeu diversas curiosidades à respeito de sua cultura. A mais intrigante era algo relacionado a certa "Lethani" que lhe soara com uma espécie de força harmônica que controla o universo e segundo a qual todas as outras coisas deveriam se pautar para que a energia cósmica se mantenha em equilíbrio.
         No acampamento na floresta, a figura de Kvothe que já era cercada de mitos inacreditáveis, ganhara um novo capítulo. Feluriana era uma mulher mítica segundo a qual se dizia, seduzia os homens e os levava para os recônditos da floresta, de onde jamais regressavam. Kvothe fora uma de suas vítimas, mas conseguira voltar ileso do encontro freneticamente erótico não somente com o ser dos Encantados, mas também com o Cthaeh, uma árvore lendária que e uma das criações míticas mais arrepiantes da literatura.
         Após encerrar a missão com sucesso, Kvothe parte para as terras de Tempi em Haert, onde é versado em uma cultura em que as palavras davam lugar à expressão corporal, cultuando o silêncio ao extremo. Em seu regresso, encontra a pessoa que sempre alimentou em seu amor platônico, cuja uma briga havia dado mostras de um rompimento quase definitivo. Kvothe descobriria situações desagradáveis por que passara Denna e se afeiçoaria ainda mais por aquela garota de muitos nomes.
         A sequência da crônica do matador do rei segue o mesmo fio narrativo do primeiro volume: uma história minuciosa, onde as respostas vão se revelando a cada capítulo, mesmo sendo lento e extremamente detalhado o ritmo em que fluem suas partes. Contudo, o mundo e a trama criada por Rothfuss aguçam ainda mais o desejo por conhecer o desfecho final dessa trilogia.

REFERÊNCIA LITERÁRIA
Título:    Temor do Sábio, O
Autoria:  Patrick Rothfuss
Editora:  Arqueiro
Ano:       2011
Local:     São Paulo
Série:     Crônica do Matador do Rei - Livro II
Gênero:  Ficção fantástica

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