domingo, 14 de agosto de 2016

Os Mortos-vivos: o que nos tornamos (v.10) (Robert Kirkman)



            No universo “The Walking Dead” (título original da série) os pequenos grupos peregrinos nunca estão sozinhos. Vez ou outra eles se esbarram, na maioria delas, envoltos num clima hostil no primeiro encontro, ou até que se prove o contrário. Esse volume desenvolve o encontro ocorrido no último volume, em que Rick e seu grupo deparou-se com o trio formado por Eugene, Rosita e Abraham. Contudo, a decisão de formarem uma parceria parte do pressuposto revelado por Eugene, de que sabia exatamente os motivos que desencadearam o apocalipse zumbi e tinha condições de procurar vias de destruir definitivamente aquele mal.
Frente às revelações inéditas, Rick e seu grupo decidem acompanhar Eugene, Rosita e Abraham rumo a Washington. Durante uma vigília pelo caminho, após acordar de um pesadelo em que Lori subitamente se transforma em um zumbi e tenta o atacar, novamente Rick é acometido por seus delírios com o telefone, agindo como se a esposa estivesse do outro lado da linha. O dia amanhece e o grupo segue em frente, recolhendo alguns produtos em uma loja, mesmo cercados pelos zumbis. Ao observar o comportamento fraco de um errante, Eugene toma nota de seu modo de agir em relação aos demais. Para o cientista, os mortos-vivos parecem necessitar de alguma espécie de nutrição para manterem seus organismos animados. De volta para a estrada, durante mais uma noite de vigília, Gleen depara-se com uma imagem horripilante: Maggie suicidara por enforcamento.
Por um triz, Maggie é retirada e tem a vida salva. Contudo, uma discussão entre Rick e Abraham acerca da conveniência ou não atirar de uma vez na garota, evitando uma possível transformação, faz com que o orgulho de Abraham seja ferido. Para ele era extremamente difícil suportar alguém lhe dando ordens. Por pouco ele não mata Rick, quando este estava sendo atacado por um zumbi...
Diante da proximidade, Rick tem a ideia de ir até o local onde morou a fim de recolher alguns artefatos em um departamento, os quais seriam úteis diante de imprevistos na viagem. Dessa forma, o grupo novamente se divide e Rick, Carl e Abraham partem na nova busca. Durante a vigília de uma noite, o trio é atacado por outro trio, que se dizia dono da estrada e ameaçava abusar sexualmente de Carl. Esse fato acende a ira de Rick que eliminas os bandidos. Movido pela compaixão, Abraham decide contar como perdeu sua família.
Abraham conta sua história marcada por desastres a Rick. Ele tivera a esposa e a filha estupradas ao confiar em vizinhos, no início da praga. Ao chegarem ao local onde era a residência de Rick, ele se depara com um velho conhecido, Morgan, que também o reconhece. Rick toma conhecimento da transformação de seu filho Duane e, ao ver que ele mantinha a criança-zumbi em cárcere, convence-o a terminar com aquele sofrimento e juntar-se a eles na jornada. Enquanto isso o grupo que ficou no acampamento busca um local mais seguro e confortável para aguardarem o retorno de Rick e os outros.
Morgan apresenta sinais de delírio que causam espanto em Rick e Abraham. Mesmo assim, eles seguem seu curso e encontram o local onde Rick dissera haver armamento e munição. No retorno, o trio depara-se com uma manada que os cerca e os faz armarem um plano de fuga emergencial. Enfim, conseguem encontrar o acampamento onde o resto do grupo ficou. Devido à proximidade da manada, todos devem novamente colocar o pé na estrada em busca de um novo local para se instalarem.
            Fazendo jus ao tema do volume, temos a abordagem de uma questão moral que enseja um pouco de reflexão: a súbita mudança provocada pelo apocalipse zumbi justifica a manutenção de antigos padrões morais? O tratamento dado às pessoas queridas que se tornam ameaças ao se transformarem, devendo serem impiedosamente eliminadas, justificaria também um comportamento agressivo para com os seres humanos “sãos” que assumem atitudes hostis e até mesmo danosas aos outros? “O que nos tornamos” reflete um pouco sobre essa questão muito mais instintiva do que moral no cenário que foi instalado e o conflito do episódio de quase suicídio de Maggie é um exemplo.
Pela primeira vez o questionamento acerca do que teria originado a multiplicação dos mortos-vivos é abordado. Dessa forma, os autores parecem inaugurar uma nova temporada, mudando o escopo dos objetivos. Se antes a principal razão para se manterem vivos eram os laços afetivos, agora a questão da busca pelas vias de eliminação da praga passam a ter caráter primordial na missão dos sobreviventes. Todavia, ainda não há razões suficientemente verídicas de que o cientista Eugene de fato saiba algo a respeito de tudo o que aconteceu. E num reino de mentiras que causaram tamanha destruição nas vivências daqueles personagens, essa pode ser somente mais uma delas...

REFERÊNCIA LITERÁRIA
Título:      Mortos-vivos, Os
Subtítulo: o que nos tornamos (v.12)
Autoria:    Robert Kirkman / Charlie Adlard
Editora:    HQM Editora
Ano:         2013
Local:       São Paulo
Série:       Mortos-vivos, Os - Volume XII
Gênero:   Zumbi | Suspense | História em quadrinhos

Confira um trecho da série lançada pela AMC:


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