terça-feira, 5 de julho de 2016

Carrie, a estranha (Stephen King)

            Stephen King é considerado pela crítica como um dos mais emblemáticos autores do gênero de terror. Muitos de seus títulos foram adaptados para o cinema em produções de sucesso. Carrie, a estranha é uma dessas adaptações que, para além de impressionar os telespectadores com suas cenas de suspense, convida a refletir sobre um fato preocupante que acontece principalmente entre os jovens.
            Carrietta White vivia com a mãe na cidade de Chamberlain. Estudava na Ewen High School e constantemente sofria bulling devido a suas estranhas maneiras em lidar com os colegas. Era tímida, recatada e muito contida, sem nenhum colega a quem pudesse realmente chamar de amigo. Contudo, seu comportamento introvertido devia-se a dois fatores: sua mãe, Margaret White, que era uma fanática religiosa exacerbada e reprimia a filha visando afastá-la de qualquer ato pecaminoso; um estranho poder que ela possuía, cientificamente chamado telecinesia, o qual a permitia mover objetos ou modificá-los pela força da mente. Tal fenômeno eventualmente era confundido com a atividade de poltergeists (espíritos brincalhões) e a mãe de Carrie tratava tal fenômeno como uma manifestação demoníaca, de forma que sua filha era constantemente vigiada e privada da maioria das atividades de uma adolescente comum.
            A obra inicia com um episódio chave no evento catastrófico do final. Após uma aula de natação, Carrie fora se banhar no vestiário quando percebeu o corrimento de seu sangue menstrual. Aos 16 anos de idade e como sua mãe jamais lhe falara daquilo, a garota ficara completamente apavorada e implorara por socorro a suas colegas, pensando que estivesse morrendo de hemorragia. No entanto, as companheiras de classe a zoam e atiram-lhe absorventes em meio a uma onda de ridicularizações. Somente a presença da professora Srta. Desjardin fora capaz de afugentar as colegas e acalmar Carrie, ainda que, daquele dia em diante, a onda de ataques de bulling tornar-se-ia ainda mais agressiva.
            Com o passar do tempo, aproximava-se o Baile da Primavera. Carrie fora convidada por um colega de turma, Tommy Ross para ser seu par naquela noite. Longe de ser um desejo espontâneo de Tommy, a atitude fora incentivada por sua própria namorada – Susan Snell – visando uma forma de expiar a culpa que carregava pelo episódio do vestiário. Por outro lado, outra colega de Carrie cujo pai advogado ameaçara levar a escola na justiça por manter aquela aluna estranha no colégio, decidira forjar uma brincadeira de mau gosto na tão aguardada noite do baile. Junto com seu namorado Billy, Christine e alguns colegas recolheram um balde de sangue de porcos e construíram uma armadilha no local onde o casal mais bonito naquele ano iria se sentar. O resultado não é outro senão a eleição de Carrie e Tommy e, ao ser banhada pelo sangue, Carrie revive toda a decepção do engano que o convite de Tommy representava, enquanto uma multidão se acaba em risadas. A mágoa de Carrie logo se converte em fúria e todo o seu poder telecinético é incontrolavelmente liberado. A noite de 27 de maio de 1979 entra para a história de Chamberlain como o episódio em que mais de 400 pessoas foram terrivelmente mortas, a maioria estudantes da Ewen High Scholl, além da quase total destruição da cidade que dormira no fogo.
            A narração da história não segue uma sequência linear. O texto possui várias inserções de fatos posteriores em que se destacam entrevistas, um dossiê de investigação do Caso Carrie White, partes dos livros The Shadow Exploded e My Name Is Susan Snell. A temática, longe de apresentar uma trama de terror, reflete o tema do bulling quando não recebe a devida atenção por parte dos educadores. Teria Carrie agido de forma criminosa ou unicamente reagido sem medir suas forças a um ataque massivo e covarde? O poder telecinético de Carrie poderia ser comparado à outras psicoses que tantos jovens hoje em dia possuem e que não recebem o cuidado necessário a fim de evitar potenciais serial killers. Reflexões à parte, Carrie, a estranha é um material interessante para a discussão sobre como o bulling é tratado e combatido nos diversos círculos sociais e principalmente nos ambientes estudantis onde é mais comum.

REFERÊNCIA LITERÁRIA
Título:      Carrie
Subtítulo: a estranha
Autoria:    Stephen King
Editora:    Objetiva
Ano:         2013
Local:       Rio de Janeiro
Gênero:    Terror | Bullyng

Confira o trailer da adaptação para o cinema lançada em 2013:


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