quarta-feira, 16 de março de 2016

O Restaurante no Fim do Universo (Douglas Adams)


"Existe uma teoria que diz que, se um dia alguém descobrir exatamente para que serve o Universo
e por que ele está aqui, ele desaparecerá instantaneamente e será substituído por algo ainda mais estranho e inexplicável.
Existe uma segunda teoria que diz que isso já aconteceu."


            A nave Coração de Ouro voa pelo espaço sideral tendo a bordo Zaphod Beeblebrox, Trillian, Marvin (com uma melancolia contagiante!), Ford Prefect e Athur Dent, o único humano entre a tripulação. Contudo, enquanto os viajantes se incomodam com um computador que não sabe fazer um chá ao gosto do terráqueo, uma nave Vogon furtivamente se aproxima para destruir por completo a Coração de Ouro. Embora a destruição parecesse iminente e inevitável, os tripulantes conseguem se livrar do perigo, indo parar no Milliways, mais conhecido como o restaurante no fim do universo.
            Nesse local absurdo, Douglas Adams, com um toque refinado de bom humor já convida para um paradoxo: como conceber um fim para o universo, já que ele é absurdamente grande, encerrando em si a melhor ideia do que é uma coisa infinita? O Milliways é uma resposta a essa intrigante pergunta: um local construído a partir dos fragmentos do planeta onde se encontra, fechado numa bolha do tempo e projetado em direção ao futuro exatamente para o momento preciso do fim do universo. Na verdade, ele era o local onde um seleto grupo de espectadores apreciaria os momentos finais de todo o universo, com uma visão privilegiada, drinques para brindar esse grande momento da história e bois suculentos que se oferecem para serem comidos. Era um oásis que desafiava qualquer gramático a encontrar a conjugação perfeita para os verbos naquele exato momento onde o futuro já era um presente passado. Enfim, nossos tripulantes haviam embarcado numa verdadeira odisseia através do tempo, indo ao seu fim, bem como a outros períodos da história.
            Imbuído de sua personalidade ensimesmada, Zaphod Beeblebrox ansiava por encontrar o homem que comandava o universo. Quanto o encontra, tem diante de si um homem profundamente cético e alheio ao curso das coisas, aparentemente sem nenhum objetivo definido para a complexa máquina que criara. A história rapidamente passa para a busca da questão fundamental da vida, do universo e de tudo mais, já abordada no primeiro volume da série. Como a resposta fornecida pelo Pensador Profundo (42!) não havia satisfeito, e diante do fato de que o fundamental seria descobrir a pergunta para essa resposta, auxiliados pelos homens das cavernas, nossos viajantes finalmente encontram essa pergunta, mas ficam embasbacados por simplesmente não compreenderem simplesmente nada do que possa significar. Essa é a ponte para a sequência que virá com o terceiro livro.
            Embora cômico do início ao fim, O Restaurante no Fim do Universo não é um livro facilmente compreensível, uma vez que trata de questões profundamente filosóficas em uma trama que rompe com qualquer "enlatado literário" dos tempos atuais. Um leitor mais atento, verá que Adams continua tecendo uma crítica da sociedade e suas valores, principalmente no episódio da nave do planeta Golgafrinchan, onde haviam sido reunidas pessoas cujas profissões eram as mais "inúteis" possíveis e cuja nave fora enviada para se chocar com o planeta Terra e povoá-lo. Outras partes simplesmente ressaltam sua louvável criatividade, como a banda que terminava seus shows sempre com uma explosão de uma nave lançada de encontro ao sol e cujo som era tão incrivelmente avassalador, que toda a aparelhagem de som foi colocada em outro planeta bem distante do público. 

REFERÊNCIA LITERÁRIA

Título:   Restaurante no Fim do Universo, O
Autoria: Douglas Adams
Editora: Arqueiro
Ano:      2010
Local:    São Paulo
Série:    Mochileiro das Galáxias, O - Livro II
Gênero: Ficção científica | Nosense

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