Guerra
Mundial Z é a obra de maior sucesso de seu escritor, que reinventa o gênero
de apocalipse zumbi, de certa forma dando continuidade a outra obra também de
sua autoria O Guia de Sobrevivência a
Zumbis (2003). Nesse, Max Brooks criara um ambiente fictício, fornecendo
mecanismos de proteção a uma possível catástrofe em que os mortos se
reanimariam e atacariam os vivos, disseminando pânico e terror. Na obra em
questão, esse ambiente se torna realidade, porém contado posteriormente,
mediante entrevistas feitas pelo narrador.
Uma década havia passado desde que o
Grande Pânico se disseminara pelo mundo, provocando uma onda de terror nunca
antes vista. Agora, o narrador reúne uma coletânea de entrevistas com aqueles
sobreviveram ao apocalipse zumbi que, por sinal, haviam sido censuradas pela
Organização das Nações Unidas (ONU). Os relatos são impactantes assim como o
foram os fatos que se sucederam durante o ataque dos mortos-vivos.
O início do Grande Pânico é algo
desconhecido. Porém, rumores apontam que tudo teria começado na China, após a
infecção de um garoto. A partir daí, interesses políticos vigentes favoreceram
que o mal proliferasse por várias partes do mundo, ocasionando uma verdadeira
pandemia. Na África, aquilo que ficou conhecido como "raiva africana"
foi combatido através da criação de zonas de segurança, protegendo os
refugiados dos ataques dos zumbis, numa ação que foi denominada por Plano Redeker . Enquanto isso, nos Estados Unidos ficava
evidente o despreparo do governo no enfrentamento da situação, o que favoreceu
ainda mais a rápida proliferação do vírus. A rápida infestação em escala global
era inversamente proporcional aos esforços empregados diante de um inimigo rápido,
invisível e desconhecido que, ao invés de dizimar populações inteiras, criava
um exército de mortos-vivos famintos, mesmo que desprovidos de qualquer
inteligência ou comando.
Brooks explora ainda o impacto do
apocalipse na economia geopolítica mundial. Em meio aquele clima de terror,
espalhou-se o rumor de uma vacina denominada Phanlax que seria eficiente na
cura dos infestados. Contudo, o tempo mostraria que era algo complemente
ineficiente, trazendo apenas benefícios financeiros ao seu criador que se
exilara na Antártida. Não bastassem os mortos-vivos avassaladores, os poucos
sobreviventes ainda teriam que vencer as barreiras impostas pelos interesses
particulares dos poderosos e os "quislings", pessoas que se tornavam
uma ameaça grave pelo simples fato de terem enlouquecido frente ao risco de
serem infectadas.
Durante a Guerra Mundial que o mundo
foi lançado, os relatos dos entrevistados deixam evidentes as mudanças nos
paradigmas políticos, sociais e religiosos. Os sentimentos compassivos das
pessoas por seus "mortos" eram suprimidos em vista de sua própria
sobrevivência. Esse instinto falava mais alto do que o de solidariedade. Além
do mais, a crise evidenciou o despreparo militar frente à situação de colapso e
a ineficiência das políticas dos governantes. Tamanho terror questionou também
dogmas religiosos: seria uma punição divina ou o momento de sua manifestação?
Sentimentos fideístas à parte, o que mais saltava à vista era o torpor e pânico
mundial.
O livro de Brooks é fruto de uma
longa e apurada pesquisa. Segundo o autor, tudo o que está presente nele, a
exceção dos zumbis, é real. O estilo da obra em entrevistas traz uma nova forma
de abordagem do gênero, até então inexplorada. Em alguns momentos pode até
parecer meio cansativo, difícil de compreender, repetitivo. Contudo, vale
lembrar que o entrevistador visa mostrar a situação de "Grande
Pânico" da perspectiva dos civis, médicos, militares, políticos,
religiosos, todos eles sobreviventes da chacina mundial. Verdadeiramente
surpreendente e questionador.
A obra foi adaptada para o cinema e
o filme lançado em 2013. Contudo, alguns elementos citados pelos entrevistados
no livro estão ausentes no filme, de forma que a adaptação usa a espinha dorsal
do obra, sem explorá-la de forma satisfatória.
BROOKS, Max. Guerra Mundial Z: uma história oral da
guerra dos zumbis. Rio de Janeiro: Rocco, 2010. 368 pgs.
Confira o trailer da adaptação para o cinema lançada em 2013:
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