sábado, 13 de julho de 2013

Guerra Mundial Z (Max Brooks)


            Guerra Mundial Z é a obra de maior sucesso de seu escritor, que reinventa o gênero de apocalipse zumbi, de certa forma dando continuidade a outra obra também de sua autoria O Guia de Sobrevivência a Zumbis (2003). Nesse, Max Brooks criara um ambiente fictício, fornecendo mecanismos de proteção a uma possível catástrofe em que os mortos se reanimariam e atacariam os vivos, disseminando pânico e terror. Na obra em questão, esse ambiente se torna realidade, porém contado posteriormente, mediante entrevistas feitas pelo narrador.
             Uma década havia passado desde que o Grande Pânico se disseminara pelo mundo, provocando uma onda de terror nunca antes vista. Agora, o narrador reúne uma coletânea de entrevistas com aqueles sobreviveram ao apocalipse zumbi que, por sinal, haviam sido censuradas pela Organização das Nações Unidas (ONU). Os relatos são impactantes assim como o foram os fatos que se sucederam durante o ataque dos mortos-vivos.
            O início do Grande Pânico é algo desconhecido. Porém, rumores apontam que tudo teria começado na China, após a infecção de um garoto. A partir daí, interesses políticos vigentes favoreceram que o mal proliferasse por várias partes do mundo, ocasionando uma verdadeira pandemia. Na África, aquilo que ficou conhecido como "raiva africana" foi combatido através da criação de zonas de segurança, protegendo os refugiados dos ataques dos zumbis, numa ação que foi denominada por Plano Redeker   . Enquanto isso, nos Estados Unidos ficava evidente o despreparo do governo no enfrentamento da situação, o que favoreceu ainda mais a rápida proliferação do vírus. A rápida infestação em escala global era inversamente proporcional aos esforços empregados diante de um inimigo rápido, invisível e desconhecido que, ao invés de dizimar populações inteiras, criava um exército de mortos-vivos famintos, mesmo que desprovidos de qualquer inteligência ou comando.
            Brooks explora ainda o impacto do apocalipse na economia geopolítica mundial. Em meio aquele clima de terror, espalhou-se o rumor de uma vacina denominada Phanlax que seria eficiente na cura dos infestados. Contudo, o tempo mostraria que era algo complemente ineficiente, trazendo apenas benefícios financeiros ao seu criador que se exilara na Antártida. Não bastassem os mortos-vivos avassaladores, os poucos sobreviventes ainda teriam que vencer as barreiras impostas pelos interesses particulares dos poderosos e os "quislings", pessoas que se tornavam uma ameaça grave pelo simples fato de terem enlouquecido frente ao risco de serem infectadas.
            Durante a Guerra Mundial que o mundo foi lançado, os relatos dos entrevistados deixam evidentes as mudanças nos paradigmas políticos, sociais e religiosos. Os sentimentos compassivos das pessoas por seus "mortos" eram suprimidos em vista de sua própria sobrevivência. Esse instinto falava mais alto do que o de solidariedade. Além do mais, a crise evidenciou o despreparo militar frente à situação de colapso e a ineficiência das políticas dos governantes. Tamanho terror questionou também dogmas religiosos: seria uma punição divina ou o momento de sua manifestação? Sentimentos fideístas à parte, o que mais saltava à vista era o torpor e pânico mundial.
            O livro de Brooks é fruto de uma longa e apurada pesquisa. Segundo o autor, tudo o que está presente nele, a exceção dos zumbis, é real. O estilo da obra em entrevistas traz uma nova forma de abordagem do gênero, até então inexplorada. Em alguns momentos pode até parecer meio cansativo, difícil de compreender, repetitivo. Contudo, vale lembrar que o entrevistador visa mostrar a situação de "Grande Pânico" da perspectiva dos civis, médicos, militares, políticos, religiosos, todos eles sobreviventes da chacina mundial. Verdadeiramente surpreendente e questionador.
            A obra foi adaptada para o cinema e o filme lançado em 2013. Contudo, alguns elementos citados pelos entrevistados no livro estão ausentes no filme, de forma que a adaptação usa a espinha dorsal do obra, sem explorá-la de forma satisfatória.

BROOKS, Max. Guerra Mundial Z: uma história oral da guerra dos zumbis. Rio de Janeiro: Rocco, 2010. 368 pgs.

Confira o trailer da adaptação para o cinema lançada em 2013:



 

 

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