sábado, 13 de outubro de 2012

Cruzada: no reino do paraíso (H. Rider Haggard)

            A obra em questão remete ao conturbado tempo das Cruzadas, vista da perspectiva romanceada vivida por dois cavaleiros ingleses: Godwin e Wulf. Embora os enredos focalizem protagonistas diferentes, há referência à construção cinematográfica dirigida por Ridley Scott em seu filme homônimo lançado em 2005, pela citação de personagens presentes nas duas obras, especialmente o cavaleiro Balian de Ibelin. Cruzada: no reino do paraíso é a expressão do conflito instalado em torno da mistura religiosa entre a cruz (cristãos) e a lua crescente (muçulmanos) no combate pelo domínio da Terra Santa.
            A história abrange os territórios da Europa, Palestina e Jerusalém do século XII. Godwin e Wulf são cristãos e irmãos de sangue que viviam em Essex, na Inglaterra, os quais haviam se tornado cavaleiros ao se inspirarem em seu pai, morto ao defender a fé cristã nas cruzadas. Godwin e Wulf compartilhavam a paixão por uma mesma mulher, Lady Rosamund, filha de Sir Andrew D´Arcy, que por sua vez, era irmão do imperador muçulmano Saladino (Yusuf ibn Ayoub). Este era um monarca sultão islâmico e autoridade político-religiosa que se preparava para enfrentar os cristãos na retomada da cidade santa de Jerusalém. Saladino havia sonhado que sua sobrinha seria capaz de restabelecer a paz na Palestina, caso se tornasse a princesa de Baalbec, evitando assim o derramamento de sangue e proporcionando a reconquista do domínio islâmico sob Jerusalém. A partir de então, aplicaria todas as formas possíveis para que fosse raptada e levada a Damasco.
            Durante uma festa na casa do pai de Rosamund, esta fora raptada por um grupo religioso denominado assassinos em uma emboscada.  Os assassinos eram shiitas e inimigos dos sunitas, marcados por obedecerem ordens sem contestação visando ganharem o paraíso. Em virtude disso, possuíam um poderio militar forte e organizado. A origem do nome remete ao uso do haxixe em seus rituais de iniciação, quando foram chamados de comedores de haxixe ou “hashshashin” pelo navegador Marco Polo. Al-je-bal era o príncipe do grupo e desejava fazer de Rosamund sua esposa em Masyaf (Síria). A seu serviço estavam os fedai (também chamados fidai ou fedahin), os quais eram servos dispostos a sacrificarem suas vidas pela causa.
            Impulsionados pela mútua paixão por Rosamund, que havia prometido revelar por qual dos dois irmãos ela se engraçava mais, Godwin e Wulf partem em seus famosos cavalos Flame e Smoke, na missão de resgatá-la. Pelo caminho, encontrariam Masouda, uma espiã que os guiaria na maior parte de sua jornada, mesmo após fugirem da tirania de Al-je-bal e caírem nas garras de Saladino.
            Dentre os dogmas doutrinários do islã, figura o conceito da Jihad ou Guerra Santa, que fora proclamada por Maomé, com o objetivo de recuperar a hegemonia islâmica e difundir a fé. Os cristãos, por outro lado, lutavam pela reconquista dos terrítórios sagrados onde Jesus Cristo havia nascido, vivido, morrido e ressuscitado. A recusa em entregar Rosamund a Saladino prenunciava a intensificação de um conflito atroz que vinha trazendo baixas para ambos os lados. De um lado estava Saladino com seu exército sarraceno e do outro o exército franco, liderados por Guy de Lusignan, Raymond de Tripoli e Balian de Ibelin. No entanto, o poderio militar muçulmano era maior que o exército cristão. Às vésperas da Batalha de Hattin, Godwin havia sonhado com uma grande derrota e avisado aos francos para não atacarem os muçulmanos. No entanto, as autoridades julgaram-no estar com ideias de feitiçaria e o resultado foi o esmagamento do exército franco, naquela que foi uma das batalhas mais sangrentas da história, em 1187.        
 
HAGGARD, H. Rider. Cruzada: no reino do paraíso. São Paulo: Geração Editorial, 2005. 327 pgs.
 
Confira o trailer do filme homônimo lançado em 2005:
 










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