sábado, 11 de agosto de 2012

A República dos Bichos (Paulo Caldas)

a republica dos bichos          Este livro destina-se ao público infanto-juvenil, mas trata de temas profundamente adultos. Entre outras obras do autor, estão Era uma vez no Quintal, Era uma vez na Fazenda, Asas pra que te quero, Destino: cidade, O Fascínio da Caixa Preta e Alma de Artista.
     Os bichos do zoológico tinham uma vida degradante, principalmente nos fins de semana, quando a visitação era mais intensa. Para satisfazer seu lazer, seres humanos mal-educados espalhavam lixo pelo zoológico, atiravam objetos nas jaulas dos bichos, além de submetê-los ao estresse. Dr. Arnaldo, veterinário, até tentou suspender a visitação por uns dias mas sua tentativa foi em vão.
          Revoltados com sua situação, os bichos resolvem se unirem, a fim de procurarem melhorias. Liderados pelo sapo Ageu, inteligente, culto e de excelente retórica, cada classe elege um representante para integrar a comissão de frente das negociações. Estava lançada a base do governo que era a Comissão das Espécies, integrada pela lagartixa Arlete, o papagaio Artur, a coruja Alice, a cigarra Amélia Emília e o presidente sapo Ageu. A partir daí o jornal A Tribuna dos Bichos seria o principal veículo de comunicação das decisões da comissão aos demais bichos. Entre as principais reivindicações estavam: redução do horário de visitação nos fins de semana; melhoria da qualidade dos alimentos servidos; e colocação de placas de advertência e educativas para que os humanos não molestassem os animais.
       Com as bases do governo montadas, as propostas foram levadas à diretoria do zoológico, deixando o diretor perplexo diante da audácia e organização da bicharada. Como em todo e qualquer caso, nenhuma decisão é unânime, haviam também as forças de oposição. Era o caso do gambá Abelardo, o porco-espinho Anselmo e o jacaré Agápito, que se opunham à Junta Governativa. Dá-se então, a eclosão de diversos partidos como o Partido dos Répteis em Geral (PRG) e o Partido Intransigente Radical (PIR).
          Frente ao fortalecimento do governo, forma-se a Assembleia Constituinte, responsável por elaborar a Carta Magna que regiria a futura República dos Bichos. Tudo pronto e acertado, é instaurada a república com direito a uma bela apresentação da cigarra Amélia Emília e do guaxinim Aprígio Pavaroti, ambos representantes da comissão de cultura. No entanto, a república enfrenta forças oposicionistas de resistência por parte da diretoria do zoológico. Como nas relações ecológicas, também aqui predominou o mais forte. Com a derrubada da república, restava ao seu principal representante, o sapo Ageu, o exílio, a fim de não ser capturado e morto.
          A obra de Paulo Caldas é uma paródia do que acontece nas verdadeiras relações políticas. O modo como o autor articula a bicharada e os dá nomes característicos fornece um tom muito bem humorado a história. A República dos Bichos é uma forma extremamente divertida e fácil de se ter as primeiras lições sobre o mundo da política.
 
CALDAS, Paulo Fernando Lins. A República dos Bichos. Recife: Edições Bagaço, 1994. 108 pgs.

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