sábado, 14 de julho de 2012

Marley & Eu: a vida e o amor ao lado do pior cão do mundo (John Grogan)


As histórias sobre amizade são naturalmente especiais por retratarem momentos simples mas significativos da vida dos amigos. Um passeio, uma conversa informal, um encontro casual revelam a diferença que a simples presença do outro pode ocasionar. Nesta obra, tal relação é demonstrada em toda a sua profundidade, porém em outro plano: a amizade entre um cachorro e seu dono.
John e Jenny Grogan eram recém-casados, viviam em West Palm Beach (Flórida), trabalhavam como jornalistas e faziam planos para o futuro. Entre eles, estava o de terem filhos, mas a experiência desastrosa de Jenny no cuidado com uma simples planta, lhe fez acreditar que ela não estava preparada para tornar-se mãe. Diante disso, uma experiência com outro ser vivo talvez lhe ajudasse antes de conceber uma criança de fato. Nesse contexto, entra na vida do casal o cachorro Marley, que iria mudar completamente a vida da família.
Marley era um filhote de labrador que, inicialmente encantou o casal pelo jeito meigo e carinhoso. Porém, aquele animalzinho que mais parecia um inofensivo bicho de pelúcia logo cresceria e extravasaria toda a sua energia, levando seus donos à loucura. Marley cresce em tamanho mas conserva seu instinto hiperativo, brincalhão e bagunceiro, sempre carinhoso e leal, o que se tornou o mimo de John e Jenny.
Passado um período de “estágio” com o cachorro, o casal Grogan decide ter seu primeiro filho. No entanto, essa primeira tentativa se transformara em uma angústia em suas vidas, já que a criança nascera morta, estando Jenny na quinta semana de gravidez. Arrasados por isso, acreditavam que o motivo para tal fora o uso de pesticidas no combate a insetos em sua nova casa, durante a gestação. No entanto, a tristeza provocada por esse fato não roubou do casal o sonho de ter filhos. Se eles eram capazes de cuidar de um animal que, aparentemente era o “pior cão do mundo”, por que não seriam capazes de cuidar de uma criança?
A natureza elétrica de Marley levou os Grogan a adotarem medidas de educação canina. Informado da boa reputação de tal método, John passou a levar Marley a aulas de adestramento animal. Porém, sua intransigência e indisciplina fizeram com que os outros cães ficassem dispersos nas aulas e que a tutora expulsasse Marley, alegando que ele era novo demais para ser submetido a medidas educativas. Caberia aos próprios donos a tarefa de ensiná-lo a não pular nas pessoas durante os passeios, não cavar buracos pelo quintal, não comer as roupas do varal, conter seu apetite voraz e etc.. Contudo, o principal desafio seria controlar o ataque frenético e descontrolado de Marley diante das crises de pânico provocadas pelos barulhos dos trovões.
Todas as confusões e encrencas que Marley colocou seus donos somente os faziam estimar cada vez mais sua companhia. O convívio com o cão mostrava-lhes também a importância de levar a vida de forma leve e divertida, como se nada fosse sério ou realmente importasse. Assim, recuperados do grande baque que o aborto provocara, John e Jenny tentam uma nova gravidez e obtêm sucesso como o nascimento de Patrick. Mais tarde, outros dois filhos, Conor e Collen (a única menina), viriam completar a alegria do casal. No nascimento de Conor, uma depressão pós-parto de Jenny quase custou a despedida de Marley da casa, devido a sua impaciência diante das estripulias do animal.
O tempo passou e novos acontecimentos se sucederam na vida da família. John buscava inovações na carreira profissional e, diante da oferta para ser colunista do The Philadelphia Inquirer, se muda com a esposa, os filhos e o cão para Boca Raton, zona rural da Pensilvânia. Marley também já era um cão idoso e, após 13 anos de intensa atividade, vinha apresentando sérios problemas de saúde como fraqueza nas patas traseiras, artrite, surdez, além de um problema gástrico corrigível apenas por uma intervenção cirúrgica de alto custo. Mesmo inconformados, restava aos Grogan se prepararem para a cruel despedida de um cão que havia marcado suas vidas tão intensamente. Jamais se esqueceriam das peripécias de um cão que havia feito tudo em vida: estrelado como artista de uma gravação cinematográfica, “fechado” uma praia pública para cães, evitado que uma jovem de 17 anos fosse morta após ser esfaqueada, além de ser o motivo de alegria da casa por tantos anos.
A história de Marley & Eu é, acima de tudo, uma história real. O autor foi encorajado a relatar seu convívio com o animal após publicar um artigo na coluna em que escrevia, pouco depois da morte de Marley. Os leitores se empolgaram em contar experiências semelhantes que tiveram com labradores e cães de outras raças. Nela, encontramos fatos hilários, cenas intrigantes e também trechos dramáticos que demonstram a importâncias das relações, por serem tão frágeis e singelas. Rapidamente o livro se tornou um dos mais vendidos no mundo todo e ganhou também uma adaptação para as telas do cinema pela 20th Century Fox. Enfim, a história demonstra sutilmente a consolidação do dito popular de que “o cão é o melhor amigo do homem”.

GROGAN, John. Marley & eu: a vida e o amor ao lado do pior cão do mundo. São Paulo: Prestígio, 2006. 268 pgs. 

Confira o trailer da adaptação para o cinema lançada em 2008:

 

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