sábado, 21 de julho de 2012

A Marca do Zorro (Johnston Macculley)

marca do zorro, a    Inicialmente lançada em uma série de cinco capítulos na revista All-Story Weekly em 1919, a obra A Marca do Zorro inaugurou a mundialmente aclamada série do super-heroi Zorro. Embora seu autor fosse de origem canadense, o contexto histórico do personagem remonta ao período em que a Califórnia era colônia espanhola, durante o século XIX. Desta forma, o Zorro se transformou em um dos mais famosos heróis espanhóis de todos os tempos, principalmente no cinema.
            O povoado de Reina de Los Angeles era um local até então tranquilo e em fraca expansão. Sua sociedade era composta por nobres da aristocracia espanhola, índios nativos e frades que prestavam assistência religiosa. Os militares, chefiados pelo sargento Pedro Gonzales eram extremamente fieis ao governador que, para servir a seus interesses, não se importava em explorar os nativos e pobres. Qualquer manifestação contrária ao governador era duramente punida. Desta forma, o poderio militar era fortemente assegurado, sendo subestimado apenas pelas façanhas do audaz cavaleiro Zorro, popularmente conhecido como o “Terror de Capistrano”. Embora sempre atuasse sozinho, os militares mentiam dizendo que o Zorro era acompanhado por um bando de bandidos, a fim de parecer que ele era um forte inimigo e ocultar-lhes a incompetência em prendê-lo. O maior objetivo do sargento Gonzales era a captura do bandoleiro, visando obter o prestígio popular, além de uma considerável recompensa oferecida pelo governador a quem o entregasse vivo ou morto.
            Dentre as famílias mais influentes de Reina de Los Angeles estava a de Alejandro Vegas, um nobre cavalheiro muito rico e respeitado pelo governador. Desejoso de que seu filho fosse merecedor de sua herança, instigava-lhe constantemente a se casar com uma nobre senhorita. Diego Vegas, famoso pelo cavalheirismo e polidez, no entanto, demonstrava um comportamento pouco objetivo e nada amável em relação às mulheres, já que queria desposá-las sem cortejá-las com serenatas e demonstrações de afeto. Assim era com a senhorita Lolita, filha de Carlos Pulido e Dona Catalina Pulido. Esse casal não gozava de prestígio pelo governador e via na união a chance de recuperá-lo já que Dom Diego se engraçava de Lolita e desejava se casar com ela. No entanto, desagradava a Lolita que ele fosse tão insensível na arte da conquista. A ela encantava mais o romantismo demonstrado pelo Zorro, mesmo que fosse reconhecidamente procurado como um bandoleiro e salteador de estradas. Disputava com Diego, o capitão do presídio de Reina de Los Angeles, Ramón, que viria a tornar-se seu maior inimigo.
A marca do Zorro
            De capa vermelha, máscara e chapéu pretos, portando espada, pistola e chicote, montado em seu imponente cavalo, a figura do Zorro estava presente sempre que algum perigo iminente ocorria. Contava com alguns aliados como Frei Filipe, que detestava o governo e os militares, constantemente sendo alvo de chacotas e humilhações. Sua motivação maior era lutar contra as injustiças cometidas pelas autoridades e defender os oprimidos, castigando os verdadeiros criminosos. Viviam-se tempos turbulentos em que os frades das missões eram despojados pelas autoridades, os nativos tratados de modo pior do que os cães e os nobres roubados por não estarem em boas relações com os governantes. O estopim da história se dá quando a família Pulido é presa por ordem do governador, em uma espécie de conspiração política. O Zorro convence alguns cavalheiros sobre as injustiças que os governantes vinham provocando e forma a Liga da Justiça. Desta forma, na tentativa de soltá-los, o Zorro se vinga do capitão Ramón e revela a toda a cidade quem eram os verdadeiros criminosos de Reina de Los Angeles. Nesse ínterim, dá-se a grande revelação da identidade secreta do Zorro, como sendo o próprio Dom Diego Vegas.
            O super-heroi descrito por McCulley é o alter-ego de Dom Diego. Nessa dupla identidade é interessante perceber a forma como o cavalheiro consegue ser ora um, ora outro, sem que ninguém perceba que se trata da mesma pessoa. Enquanto Dom Diego é alguém contido, passivo e reservado, o Zorro se mostra extremamente corajoso, destemido e vingativo. Essa dupla face é mantida em segredo por toda a narrativa, não o sendo apenas para o criado de Dom Diego, Bernardo, um jovem surdo-mudo. A ironia dessas revelações expressas nas falas dos personagens dá a história um tom humorístico e atraente.
            Nos seriados que foram produzidos a partir do personagem, alguns traços se divergem da história original. Por exemplo, o sargento Gonzales recebe o nome de sargento Garcia nas adaptações para o cinema. Outra curiosidade é que, na obra de MacCulley, o Zorro não costuma marcar seus inimigos com um “Z” como é representado nas telas. Isso acontece somente quando ataca o sargento Ramón, ilustrando o significado do título dado à obra.  Porém, a marca principal do Zorro é a de ser um cavaleiro anônimo justiceiro. E é essa que o caracteriza e define como um grande ícone universal.
 
MACCLLEY, Johnston. A Marca do Zorro. Rio de Janeiro: Casa Editora Vecchi, 1959. 6ª ed.. 216 pgs.

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