sábado, 12 de maio de 2012

Uma Paixão em Preto e Branco (Roberto Drummond)

uma paixao em preto e branco“Se houver uma camisa branca e preta
pendurada no varal durante uma tempestade,
o atleticano torce contra o vento” 

          Roberto Francis Drummond nasceu em Ferros, Minas Gerais, a 21 de dezembro de 1933 e foi jornalista e escritor brasileiro. Participou da chamada literatura pop, marcada pela ausência de cerimônias e pela proximidade com o quotidiano.Antes de residir, a partir da adolescência, em Belo Horizonte, a família do escritor viveu em Guanhães, Araxá e Conceição do Mato Dentro. Na capital mineira, iniciou no jornalismo na extinta Folha de Minas. Aos 28 anos, passou a dirigir a revista Alterosa, fechada pela Ditadura Militar em 1964. Durante um ano trabalhou no Rio de Janeiro, retornando a Belo Horizonte em 1966, onde passou a escrever colunas esportivas e crônicas.O sucesso na literatura começou com seu primeiro livro, A morte de DJ em Paris, em 1971. Relançado em 1975, bateu recordes de vendas, recebendo o Prêmio Jabuti de autor revelação. Na década de 80, inicia uma nova fase de sua produção literária, com a publicação de Hitler manda lembranças. Seu maior sucesso foi o romance Hilda Furacão, publicado em 1991 e adaptado para a televisão em 1998 numa minissérie de sucesso da Rede Globo.Roberto Drummond também fez um programa esportivo diário na TV Bandeirantes de Belo Horizonte. O escritor era fanático torcedor do Clube Atlético Mineiro e criou para o clube a famosa frase epígrafe desta resenha. Morreu em Belo Horizonte, vítima de problemas cardíacos, no dia 21 de junho, mesmo dia da partida entre Brasil e Inglaterra pelas quartas-de-final da Copa do Mundo de 2002. Foi homenageado pela Prefeitura de Belo Horizonte com uma estátua de bronze em tamanho real, na praça Diogo de Vasconcelos, na Savassi.
roberto drummond
Homenagem ao autor
Praça da Savassi
(Belo Horizonte/MG)
          Esta é mais uma obra lançada por ocasião do centenário de fundação do glorioso Clube Atlético Mineiro (1908). Trata-se de uma coletânea de crônicas esportivas escritas por Roberto Drummond e publicadas nos jornais Estado de Minas e Hoje em Dia.
          Como torcedor fanático do Atlético, em suas crônicas deixa transparecer sua paixão pelo time, de uma forma contagiante. Foi alguém que soube vibrar com as vitórias do clube, sentiu com pesar as derrotas, mas sem jamais perder a confiança e a garra. Em seus escritos, foi descrevendo com orgulho as emoções vividas antes ou depois das grandes partidas do alvinegro.
          Alguns momentos merecem destaque nas crônicas, como por exemplo a vitória por 2 a 1 sobre a seleção brasileira, em um amistoso no ano de 1969. Outro grande momento, foi a conquista do título no primeiro Campeonato Brasileiro, em uma vitória por 1 a 0 sobre o Botafogo, em pleno Maracanã lotado. Também é relatado o mérito do Atlético e sua vibrante torcida, em um jogo contra o Flamengo em 1980, onde foi registrado o maior público da história do Mineirão: 115142 pagantes. Robeto Drummond também exalta os feitos de grandes jogadores da história do clube, como Reinaldo, Kafunga, Mário de Castro, Said, Jairo, Guilherme e tantos outros que fizeram do gramado o palco de grandes jogadas e gols espetaculares.
          Roberto Drummond foi um torcedor apaixonado. Porém soube reconhecer quando o time precisou de melhoras e se juntou à torcida a fim de mobilizá-la a comparecer aos jogos. Protestou contra a covardia de tantos juízes que cometeram verdadeiras injustiças contra o clube, em partidas importantes. Uniu o relato dos acontecimentos aos seus dotes poéticos para dar voz ao grande amor de sua vida: o Atlético-MG.
          Enfim, a obra é uma grande coletânea que traduz a paixão de um dos mais fanáticos torcedores do Atlético-MG. Publicada após a morte de seu autor não se trata de apenas mais uma edição do centenário e sim uma reunião de contos heroicos vividos nos gramados.
 
DRUMMOND, Roberto. Uma Paixão em Preto e Branco. Belo Horizonte: Editora Leitura, 2007. 168 pgs.

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