domingo, 11 de dezembro de 2011

O Silmarillion (J. R. R. Tolkien)

           J. R. R. Tolkien nasceu em 3 de janeiro de 1892. Suas obras são mundialmente famosas e conhecidas pela riqueza imaginativa na criação de seus mundos e personagens. Dentre elas, destacam-se os títulos O Silmarillion, O Hobbit e O Senhor dos Aneis, sendo que este último foi para as telas do cinema com a trilogia A Sociedade do Anel, As Duas Torres e O Retorno do Rei. Tolkien faleceu em 2 de setembro de 1973, aos 81 anos.
           A obra em questão, O Silmarillion, está intimamente ligada à obra-prima O Senhor dos Aneis. No entanto, os fatos que são narrados nela se referem a uma época muito mais primitiva, a Primeira Era do Mundo, enquanto que em O Senhor dos Aneis foram narrados os acontecimentos da Terceira Era. Publicada quatro anos após a morte de Tolkien, O Silmarillion é considerado a obra mais antiga, uma vez que em 1973 alguns cadernos já encerravam os seu esboço. 
       Embora apresentando uma história contínua, O Silmarillion subdivide-se em cinco partes com acontecimentos bastante definidos. São elas: Ainulindalë, que traz a Música dos Ainur; Valaquenta, ou Relato dos Valar; Quenta Silmarillion, na qual apresenta a história das Silmarils; Akallabêth, com o relato da queda de Númenor; e por fim Dos Aneis de Poder e da Terceira Era, cujo nome já apresenta uma ideia do que descreve. 
           A primeira parte, Ainunlindalë, traz o relato da criação de tudo o que veio a existir por meio dos poderes de Ilúvatar (Eru). Eä era o Mundo Material e os Ainur os primeiros seres criados por Eru. A partir do vazio, a música harmoniosamente entoada pelos Ainur fizera com que tudo fosse adquirindo a forma que possui e o ser. No entanto, entre os Ainur existia um de coração soberbo e invejoso que destoava a melodia da criação, fazendo com que o mal surgisse e viesse habitar a terra de Arda ou mundo criado. Seu nome era Melkor e seus interesses mesquinhos fizeram com que se separasse dos Ainur e fosse habitar em Arda. Era o começo da cisão dos Ainur.
           O relato intitulado Valaquenta traz a história dos Ainur que vieram habitar Arda a fim de protegê-la dos poderes de Melkor. Mais tarde chamado de Morgoth pelo povo dos noldor, Melkor era uma ameaça constante devido a seus planos maléficos de domínio. Os Ainur que habitavam Arda receberam o nome de Valar e os Maiar eram seus criados que se colocavam a seu serviço. Em sua ganância, Morgoth corrompera alguns Maiar com promessas de domínio em seu império. Com isso, travava-se uma constante guerra sobre o mundo.
           A história seguinte, Quenta Silmarillion é a que ocupa mais páginas e intitula o livro de Tolkien. Aulë, um dos Valar, estava impaciente para ver a chegada do ápice da criação, os Filhos de Ilúvatar, e então criou o povo dos anões. Como Ilúvatar não gostara desses precursores e prometera destruí-los, diante dos clamores de Aulë, aquiesceu e deixou-os viver, desde que surgissem somente após os Filhos de Ilúvatar. Os Valar guerreavam constantemente com Melkor a fim de prepararem Arda para a chegada dos Filhos de Ilúvatar e, numa das batalhas aprisionaram-no. No entanto, a astúcia de Melkor o fez fingir uma bondade nunca antes vista pelos Valar que acharam que ele havia sido curado de sua maldade. E assim Melkor conseguiu escapar, refugiando-se em terras sombrias.
           Ao surgirem os quendi (elfos) os Valar os convidaram a irem para um lugar mais seguro a oeste da terra média. Como muitos relutaram, ocorrera a primeira cisão dos elfos, em dois grupos: os avari, que se negaram a fazer a Grande Viagem; os eldar, que partiram junto a Oromë. Esse segundo grupo, ainda se dividira em vanyar, noldor e teleri comandados pelos clãs Ingwë, Finwë e Elwë, respectivamente. E os eldar habitavam Arda durante tempos de paz.
           Dentre os eldar, havia Fëanor, de grande bravura e valentia que criou três pedras de raro valor, as Silmarils. No entanto, Morgoth se apoderara delas e as fixara em sua coroa. A partir de então, Fëanor tornara-se seu maior inimigo, de forma que, enlouquecido de fúria, dedicaria a vida para vingar-se de Morgoth. E seu ódio passara também para seus filhos. Assim, Quenta Silmarillion desenvolve as guerras travadas por Fëanor, bem como os outros personagens importantes nesse contexto. Enfim, apresenta o nascimento dos homens, fracos e mortais perante os elfos.
           O relato Akallabêth é um prolongamento do resultado da maldade de Melkor. Dessa forma, apresenta a invasão de Númenor pelos orcs, que eram servos de Morgoth. A cidade protegida e oculta encontra seu declínio nesse relato. 
           Por fim, temos Dos Aneis de Poder e da Terceira Era. Aqui Tolkien desvenda as artimanhas de Sauron, o mais poderoso dos servos de Morgoth que, em sua luta pela destruição dos eldar e dos homens, criara os Aneis de Poder como símbolo de sua força e domínio.
        Resumir O Silmarillion em poucas palavras é tarefa difícil e até mesmo complicada. A engenhosidade de Tolkien o fez criar um universo povoado de inúmeros personagens. Alguns deles passam um pouco que despercebidos mas todos se concatenam perfeitamente dando moldes fantásticos ao mundo imaginativo que o autor cria. A edição conta até mesmo com importantes anexos como os mapas das terras de Beleriand, um esquema representativo da cisão dos elfos, notas sobre a pronúncia dos nomes, um apêndice sobre os elementos dos idiomas quenya e sindarin, além de um glossário com referências também a O Senhor dos Aneis para que o leitor consiga mastigar ao máximo a narrativa e entender quem é quem em meio ao vasto elenco da história. Assim, Tolkien cria um verdadeiro universo com idioma próprio, geografia sugestiva e seres mitológicos específicos para que o leitor recrie em sua imaginação uma parte daquilo que foi imaginado pelo autor ao escrever sua obra. Não é por acaso que Tolkien se tornou um autor consagrado no mundo moderno, de forma que seus livros sejam atrativos para diversos olhares, mas somente os desbravadores corajosos sejam capazes de mergulhar no mundo fantástico que é criado.

TOLKIEN, J. R. R.. O Silmarillion. 4ª ed.. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009. 470 pgs.
  

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